VIAGEM APOSTÓLICA DO SANTO PADRE A PARIS E LISIEUX
(30 DE MAIO - 2 DE JUNHO 1980)
DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II
AOS JOVENS REUNIDOS
NO «PARC-DES-PRINCES»
Paris, 1 de Junho de 1980
Caros Jovens da França
1. Um obrigado infinito por terdes vindo tão numerosos, tão alegres, tão confiantes, tão unidos entre vós! Obrigado aos jovens de Paris e da região parisiense! Obrigado aos jovens que vieram com entusiasmo dos quatro cantos da França! Gostaria tanto de apertar a mão de cada um de vós, olhá-lo olhos nos olhos, dizer-lhe uma palavra pessoal e amiga. Esta impossibilidade material não é obstáculo à profunda comunhão dos espíritos e dos corações. A vossa troca de testemunhos prova-o. A vossa assembleia alegra os meus olhos e comove o meu coração. A vossa assembleia de jovens quis ser digna das multidões de jovens que já encontrei nas minhas viagens apostólicas, primeiro ao México, depois à Polónia, à Irlanda, aos Estados Unidos, e mais recentemente a África. Posso confiar-vos isto: Deus concedeu-me a graça — como a tantos bispos e sacerdotes — de ninar apaixonadamente os jovens, certamente, diferentes de um país para o outro, mas tão semelhantes nos seus entusiasmos e decepções, nas suas aspirações e generosidades! Aqueles de entre vós que tiveram a possibilidade de estabelecer contactos e amizades com a juventude de outra província, de outro país, de outro continente, compreendem talvez melhor e partilham certamente a minha fé na juventude, porque ela é em toda a parte, hoje como ontem, portadora de grandes esperanças para o mundo e para a Igreja. Jovens da França, cristãos convictos ou simpatizantes do cristianismo, desejaria, nesta tarde inesquecível, que fizéssemos todos juntos uma ascensão, um verdadeiro cordão em direcção aos cumes difíceis e ao mesmo tempo tonificantes da vocação do homem, do homem cristão. Quero realmente partilhar convosco, como um amigo com os seus amigos, as minhas próprias convicções de homem e de servo da fé e da unidade do povo de Deus.
2. Os vossos problemas e os vossos sofrimentos de jovens conheço-os, pelo menos em geral: uma certa instabilidade inerente à vossa idade e aumentada pela aceleração das mutações históricas, uma certa desconfiança perante as certezas, exacerbada pelo saber adquirido na escola e pelo ambiente frequente de crítica sistemáticas, a inquietação do futuro e as dificuldades de inserção profissional, a excitação e a superabundância dos desejos numa sociedade que faz do prazer o objectivo da vida, o sentimento penoso de impotência para dominar as consequências equívocas ou nefastas do progresso, as tentações de revolta, de evasão ou demissão. Tudo isto vós já conheceis até à saturação. Prefiro, convosco, alcançar as alturas. Estou persuadido de que quereis sair desta atmosfera debilitante e aprofundar ou redescobrir o sentido de uma existência verdadeiramente humana porque aberta a Deus, numa palavra, a vossa vocação de homens em Cristo.
3. O ser humano é um ser corpóreo. Esta afirmação muito simples é cheia de consequências. Por muito material que seja, o corpo não é um objecto entre outros objectos. E em primeiro lugar alguém, no sentido de que é uma manifestação da pessoa, um meio de presença aos outros, de comunicação, de expressão extremamente variada. O corpo é uma palavra, uma linguagem. Que maravilha e que risco ao mesmo tempo! Rapazes e meninas, tende um grandíssimo respeito pelo vosso corpo e pelo corpo dos outros! Que o vosso corpo esteja ao serviço do vosso eu profundo! Que os vossos gestos, os vossos olhares, sejam sempre o reflexo da vossa alma! Adoração do corpo? Não, nunca! Desprezo do corpo? Tampouco. Domínio do corpo! Sim! Transfiguração do corpo! Ainda mais! Acontece-vos muitas vezes admirar essa maravilhosa transparência de alma em muitos homens e mulheres no cumprimento quotidiano das suas tarefas humanas. Pensai no estudante ou no desportista que põem todas as suas energias físicas ao serviço do respectivo ideal. Pensai no pai ou na mãe cujo rosto debruçado sobre o seu filho respira tão profundamente as alegrias da paternidade e da maternidade. Pensai no músico ou no actor identificados com os autores que fazem reviver. Vede o trapista ou o cartuxo, a carmelita ou a clarissa, radicalmente entregues à contemplação e deixando transparecer Deus.
Desejo-vos verdadeiramente que corrijais o desafio deste tempo e que vos torneis todos e todas os campeões do domínio cristão do corpo. O desporto bem compreendido, e que renasce hoje para além do círculo dos profissionais, é uma óptima ajuda. Esse domínio é determinante para a integração da sexualidade na vossa vida de jovens e de adultos. É difícil falar da sexualidade na época actual, marcada por uma desinibição que não é sem explicação, mas que é infelizmente favorecida por uma verdadeira exploração do instinto sexual. Jovens da França, a união dos corpos foi sempre a linguagem mais forte que dois seres podem falar um ao outro. E é por isso que uma tal linguagem, que toca no mistério do homem e da mulher, exige que não realizemos nunca os gestos do amor sem que as condições de uma aceitação total e definitiva do outro estejam asseguradas, e que este compromisso seja tomado publicamente no matrimónio. Jovens da França, conservai ou recuperai uma visão sã dos valores do corpo! Contemplai mais vezes Cristo Redentor do homem! Ele é o Verbo feito carne que tantos artistas pintaram com realismo para nos significarem claramente que ele assumiu tudo da natureza humana, incluindo a sexualidade, sublimando-a na castidade.
4. O espírito é o dado original que distingue fundamentalmente o homem do mundo animal e que lhe dá um poder de domínio sobre o universo. Não resisto a citar-vos o vosso incomparável escritor francês Pascal: "O homem não é mais que uma cana, a mais fraca da natureza; mas é uma cana pensante. Não é preciso que o universo inteiro se arme para a esmagar...; mas quando o universo o esmagasse, o homem seria ainda mais nobre do que aquilo que o mata, porque sabe que morre; e a vantagem que o universo tem sobre ele, o universo ignora-a completamente. Toda a nossa dignidade consiste pois no pensamento...; apliquemo-nos pois a pensar bem" (Pensamentos, n. 347).
"Falando assim do espírito, entendo o espírito capaz de compreender, de querer, de amar. E propriamente por isso que o homem é homem. Salvaguardai a todo o custo em vós e à vossa volta o domínio sagrado do espírito! Sabeis que no mundo contemporâneo existem ainda infelizmente sistemas totalitários que paralisam o espírito, afectam gravemente a integridade, a identidade do homem, reduzindo-o ao estado de objecto, de máquina, privando-o da sua força de ressonância interior, dos seus transportes de liberdade e de amor. Sabeis também que existem sistemas económicos que, ao mesmo tempo que se gabam da sua formidável expansão industrial, acentuam a degradação, a decomposição do homem. Até os "mass media", que deveriam contribuir para o desenvolvimento integral dos homens e para o seu recíproco enriquecimento numa crescente fraternidade, colaboram num martelamento e esvaziamento das inteligências e das imaginações que prejudicam a saúde do espírito, do discernimento e do coração, deformam no homem a capacidade de distinguir o que é são do que é malsão. Sim, para que servem as reformas sociais e políticas mesmo muito generosas, se o espírito, que é também consciência, perde a sua lucidez e o seu vigor? Praticamente, neste mundo tal como é e ao qual não deveis fugir, aprendei cada vez mais a reflectir, a pensar! Os estudos que fazeis devem ser um momento privilegiado de aprendizagem da vida do espírito. Desmascarai os slogans, os falsos valores, as miragens, os caminhos sem saída! Desejo-vos o espírito de recolhimento, de interioridade. Cada um e cada uma de vós, no seu nível, deve favorecer o primado do espírito e mesmo contribuir para que se honre de novo o que tem valor de eternidade mais ainda do que o que tem valor de futuro. Vivendo assim, crentes ou não-crentes, estais muito perto de Deus. Deus é Espírito!
5. Valeis também o que vale o vosso coração. Toda a história da humanidade é a história da necessidade de amar e de ser amado. Este fim de século — sobretudo nas regiões de evolução social acelerada — torna mais difícil o desabrochar de uma afectividade sã. é sem dúvida por isso que muitos jovens e menos jovens procuram o ambiente de pequenos grupos, para escaparem ao anonimato e por vezes à angústia, para reencontrarem a sua vocação profunda às relações interpessoais. A dar crédito a uma certa publicidade, a nossa época seria mesmo tomada do que se poderia chamar um "doping" do coração.
Importa neste domínio, como nos precedentes, ver claro. Seja qual for o uso que dele façam os seres humanos, o coração — símbolo da amizade e do amor — tem também as suas normas, a sua ética. Dar lugar ao coração na construção harmoniosa da vossa personalidade não tem nada a ver com a pieguice nem mesmo com o sentimentalismo. O coração é abertura de todo o ser à existência dos outros, a capacidade de os adivinhar, de os compreender. Uma tal sensibilidade, verdadeira e profunda, torna-nos vulneráveis. E por isso que alguns são tentados a desfazer-se dela endurecendo-se.
Amar é pois essencialmente dar-se aos outros. Longe de ser uma inclinação instintiva, o amor é uma decisão consciente da vontade de ir para os outros. Para poder amar em verdade, é preciso desapegar-se de muitas coisas e sobretudo de si, dar gratuitamente, amar até ao fim. Esta desapropriação de si — obra de grande fôlego — é esgotante e exaltante. É fonte de equilíbrio. É o segredo da felicidade.
Jovens da França, levantai mais vezes o olhar para Jesus Cristo! Ele é o Homem que mais amou, e mais conscientemente, mais voluntariamente, mais gratuitamente! Meditai no testamento de Cristo: "Não há maior prova de amor do que dar a vida por aqueles que amamos". Contemplai o Homem-Deus, o homem do coração trespassado! Não tenhais medo! Jesus não veio condenar o amor mas libertar o amor dos seus equívocos e das suas falsificações. Foi bem Ele que mudou o coração de Zaqueu, da Samaritana, e que opera ainda hoje, em todo o mundo, conversões semelhantes. Parece-me que esta tarde Cristo murmura a cada um e a cada uma de vós: "Dá-me o teu coração!... Purificá-lo-ei, fortificá-lo-ei, orientá-lo-ei para todos os que dele necessitam: para a tua própria família, para a tua comunidade escolar ou universitária, para o teu meio social, para os pouco amados, para os estrangeiros que vivem sobre o solo da França, para os habitantes do mundo inteiro que não têm de que viver e se desenvolver, para os mais pequenos entre os homens. O amor exige a partilha! ".
Jovens a França, é hora, mais que nunca, de trabalhar de mãos dadas pela civilização do amor, segundo a expressão cara ao meu grande predecessor Paulo VI. Que canteiro gigantesco! Que tarefa entusiasmante!
No plano do coração, do amor, tenho ainda uma confidência a fazer-vos. Creio com todas as minhas forças que muitos de entre vós são capazes de arriscar o dom total, a Cristo e aos irmãos, de todas as suas potências de amar. Compreendeis perfeitamente que quero falar da vocação ao sacerdócio e à vida religiosa. As vossas cidades e aldeias da França esperam ministros de coração ardente para anunciar o Evangelho, celebrar a Eucaristia, reconciliar os pecadores com Deus e com os seus irmãos. Esperam também mulheres radicalmente consagradas ao serviço das comunidades cristãs e das suas necessidades humanas e espirituais. A vossa eventual resposta a este apelo situa-se bem no eixo da última pergunta de Jesus a Pedro: "Tu amas-me?".
6. Falei dos valores do corpo, do espírito e do coração. Mas ao mesmo tempo deixei entrever uma dimensão essencial sem a qual o homem cai de novo prisioneiro de si mesmo ou dos outros: é a abertura a Deus. Sim, sem Deus o homem perde a chave de si mesmo, perde a chave da sua história. Pois, desde a criação, traz em si a semelhança de Deus. Esta permanece nele no estado de voto implícito e de necessidade inconsciente, apesar do pecado. E o homem está destinado a viver com Deus. Aqui ainda Cristo vai-se revelar nosso caminho. Mas este mistério exige-nos talvez uma atenção maior.
Jesus Cristo, o Filho de Deus feito homem, viveu tudo o que constitui o valor da nossa natureza humana, corpo, espírito e coração, numa relação com os outros plenamente livre, marcada pelo cunho da verdade e cheia de amor. Toda a sua vida, do mesmo modo que as suas palavras, manifestou esta liberdade, esta verdade, este amor, e especialmente o dom voluntário da sua vida pelos homens. Pode proclamar assim a carta de um mundo bem-aventurado, sim bem-aventurado, sobre o caminho da pobreza, da doçura, da justiça, da esperança, da misericórdia, da pureza, da paz, da fidelidade até na perseguição, e após dois mil anos, esta carta está inscrita no coração da nossa reunião. Mas Cristo não só deu o exemplo e ensinou. Libertou efectivamente homens e mulheres do que mantinha cativo o seu corpo, o seu espírito e o seu coração. E desde que morreu e ressuscitou por nós, continua a fazê-lo, pelos homens e mulheres de toda a condição e de todos os países, apenas lhe dão a sua fé. Ele é o Salvador do homem. Ele é o Redentor do homem. "Ecce homo" dizia Pilatos, sem compreender bem o alcance das suas palavras: "eis aqui o homem".
Como ousamos dizer isto, caros amigos? A vida terrestre de Cristo foi breve, e mais breve ainda a sua actividade pública. Mas a sua vida é única, a sua personalidade é única no mundo. Ele não é somente um irmão para nós, um amigo, um homem de Deus. Reconhecemos nele o Filho único de Deus, aquele que é um com Deus Pai e que o Pai deu ao mundo. Com o Apóstolo Pedro, de quem sou humilde Sucessor, professo: "Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo". E é precisamente porque Cristo partilha ao mesmo tempo a natureza divina e a nossa natureza humana que a oferta da sua vida, na sua morte e ressurreição, nos atinge, a nós homens de hoje, nos salva, nos purifica, nos liberta, nos eleva: "O Filho de Deus uniu-se de uma certa maneira a todos os homens". E apraz-me repetir aqui o voto da minha primeira encíclica: "Que todo o homem possa reencontrar Cristo, a fim de que Cristo possa percorrer a estrada da existência, na companhia de cada uni, com a potência da verdade sobre o homem e sobre o mundo contida no mistério da Encarnação e da Redenção, com a potência do amor que este mistério irradia" (Redemptor hominis, 13).
Se Cristo liberta e eleva a nossa humanidade, é porque a introduz na aliança com Deus, com o Pai, com o Filho, com o Espírito Santo. Festejávamos esta manhã a Santíssima Trindade. Eis a verdadeira abertura a Deus à qual aspira cada coração humano mesmo sem o saber e que Cristo oferece ao crente. Trata-se de um Deus pessoal e não somente do Deus dos filósofos e dos sábios, mas do Deus revelado na Bíblia, Deus de Abraão, Deus de Jesus Cristo, aquele que está no coração da nossa história. É o Deus que pode tomar todos os recursos do vosso corpo, do vosso espírito, do vosso coração, para os fazer dar fruto, numa palavra, que pode tomar todo o vosso ser para o renovar em Cristo, desde agora e para além da morte.
Eis a minha fé, eis a fé da Igreja desde as origens, a única que é fundada sobre o testemunho dos Apóstolos, a única que resiste às flutuações, a única que salva o homem. Estou certo que muitos de vós já a experimentaram. Possam eles encontrar na minha vinda um encorajamento a aprofundá-la, com todos os meios que a Igreja põe à sua disposição.
Outros sem dúvida encontram-se mais hesitantes em aderir plenamente a esta fé. Alguns dizem-se em busca. Alguns consideram-se descrentes e talvez incapazes de crer, ou indiferentes à fé. Outros recusam ainda um Deus cujo rosto lhes foi mal apresentado. Outros enfim, abalados pelas recaídas das filosofias da suspeita, que apresentam a religião como ilusão ou alienação, encontram-se talvez tentados a construir um humanismo sem Deus. A todos esses, eu desejo todavia que, por honestidade, deixem ao menos a sua janela aberta para Deus. De outro modo arriscam-se a passar ao lado da estrada do homem que é Cristo, a fechar-se em atitudes de revolta, de violência, a contentar-se com suspiros de impotência ou de resignação.
Um mundo sem Deus constrói-se mais tarde ou mais cedo contra o homem. Certamente, muitas influências sociais ou culturais, muitos acontecimentos pessoais puderam dificultar o vosso caminho de fé, ou desviar-vos dele. Mas de facto, se vós o quiserdes, no meio dessas dificuldades que eu compreendo, vós tendes ainda finalmente muitas possibilidades, no vosso país de liberdade religiosa, de desbravar este caminho e aceder, com a graça de Deus, à fé! Vós tendes os meios para isso! Utilizai-los verdadeiramente? Em nome de todo o amor que tenho por vós, não hesito em convidar-vos: "Abri de par em par as vossas portas a Cristo!". Que temeis? Tende confiança nele. Ousai segui-lo. Isso pede evidentemente que saiais de vós mesmos, dos vossos raciocínios, da vossa "sabedoria", da vossa indiferença, da vossa suficiência, dos hábitos não cristãos que tomastes talvez. Sim, isso pede renúncias, uma conversão, que é preciso primeiro ousar desejar, pedir na oração e começar a praticar. Deixai que Cristo seja para vós o Caminho, a Verdade e a Vida. Deixai-o ser a vossa salvação e a vossa felicidade. Deixai-o tomar a vossa vida toda inteira para que atinja com ele todas as suas dimensões, para que todas as vossas relações, actividades, sentimentos, pensamentos sejam integrados nele, poder-se-ia dizer "cristificados". Desejo que com Cristo reconheçais Deus como a fonte e o fim da vossa existência.
Eis os homens e as mulheres de que o mundo tem necessidade, de que a França tem necessidade. Tereis pessoalmente a felicidade prometida nas Bem-aventuranças e sereis, com toda a humildade e respeito pelos outros, o fermento de que fala o Evangelho. Construireis um mundo novo; preparareis um futuro cristão. É um caminho de cruz, sim, mas é também um caminho de alegria, pois é um caminho de esperança.
Com toda a minha confiança e todo o meu afecto, convido os jovens da França a levantarem a cabeça e a caminharem juntos por este caminho, de mãos dadas com o Senhor. "Menina, levanta-te! Rapaz, levanta-te! ".
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