DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II
AO SENHOR VICTOR GOMEZ BERGÉS
NOVO EMBAIXADOR DA REPÚBLICA DOMINICANA
POR OCASIÃO DA APRESENTAÇÃO
DAS CARTAS CREDENCIAIS
Sexta-feira, 7 de Janeiro de 1983
Senhor Embaixador
As palavras que Vossa Excelência me dirigiu ao apresentar as Cartas que o acreditam como Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República Dominicana junto da Santa Sé, foram-me particularmente gratas, porque me fazem sentir e recordar o afecto de todos os amadíssimos filhos dessa nobre Nação.
Ao agradecer-lhe, Senhor Embaixador, a expressão destes sentimentos, assim como a deferente saudação que me transmitiu da parte do Senhor Presidente da República dou-lhe as minhas mais cordiais boas-vindas, ao mesmo tempo que asseguro a minha benevolência para a elevada missão que lhe foi confiada.
Vossa Excelência referiu-se à missão evangélica que a Igreja realiza no mundo e que o Sucessor de Pedro, assim como os Irmãos no Episcopado, fiéis ao chamamento de Cristo, continuam, anunciando a Boa Nova da salvação a todos os homens, de modo particular aos pobres e aos oprimidos.
A República Dominicana, ao abrir-me as suas portas na minha primeira viagem pastoral à América Latina, colocou-me em contacto de modo imediato com uma realidade humana e social muito rica e cheia de grandes valores, mas que às vezes manifesta também dificuldades sérias e angústias para tantos homens e mulheres, cuja problemática é profundamente sentida pela Igreja. Pois os discípulos de Cristo não podem deixar de viver como próprias as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos outros (cf. Gaudium et spes, 1). A esta temática dedicaram por isso particular atenção as Conferências Gerais do Episcopado Latino-Americano em Medellín e mais recentemente em Puebla.
A Igreja na América Latina deseja continuar a anunciar aos homens a plena vigência da mensagem evangélica, seguindo as pegadas dos primeiros missionários e evangelizadores; proclamar e promover a dignidade da pessoa humana, com os seus direitos e deveres, trabalhando em favor da sua formação integral e estimulando a essa transformação que se baseia no facto de todos os homens serem irmãos e filhos de Deus.
Num País como a República Dominicana, onde mais de cinquenta por cento da população activa se dedica à agricultura, merece particular atenção esse sector social, colocando em primeiro plano a pessoa do trabalhador, ao qual há-de estar submetido todo o processo produtivo. O seu trabalho deve ser visto sempre numa perspectiva verdadeiramente humana, "porque mediante o trabalho o homem não somente transforma a natureza adaptando-a às próprias necessidades, mas também se realiza a si mesmo como homem e até, num certo sentido, se torna mais homem" (Laborem exercens, 9). Isto poderá ser alcançado se, entre outras coisas, não houver jovens sem a preparação conveniente; se os direitos dos trabalhadores forem sempre respeitados; se não houver camponeses sem terra para viverem e se desenvolverem dignamente; se se proporcionar a formação integral das pessoas, fazendo que prevaleçam as exigências de uma ampla justiça nas relações humanas e de trabalho.
No diálogo que esta Sé Apostólica mantém com os responsáveis de tantas Nações, não pode faltar a reiterada consideração das condições em que vivem às vezes amplos sectores da população, ou a marginalização, especialmente entre a classe camponesa, quanto ao que se refere a uma eficaz participação na vida nacional e a um maior acesso à cultura. Esse caminho de elevação humana será o meio mais eficaz, por outro lado, para formar cidadãos capazes de engrandecer um país.
Ao renovar-lhe a confirmação da minha benevolência para o cumprimento da sua missão, invoco sobre Vossa Excelência, sobre as Autoridades que julgaram por bem confiar-lha, e sobre todos os amadíssimos filhos da República Dominicana abundantes e escolhidas graças do Altíssimo.
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