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DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II
AOS PARTICIPANTES NO CAPÍTULO GERAL
DA ORDEM DOS PADRES PREGADORES (DOMINICANOS)

Segunda-feira, 5 de setembro de 1983

 

Caros Padres Pregadores,
membros do Capítulo Geral

1. Duas vezes, desde as crónicas primitivas da Ordem, o irmão Domingos deixou Tolosa onde, com um grupo de irmãos, dava consistência à Santa Pregação começada na solidão e no sacrifício de Prouilhe, e empreendeu a difícil e perigosa travessia dos Alpes a fim de se dirigir para a cidade eterna. Veio em 1215 pedir a Inocêncio II, para a sua pequena família se "poder chamar e ser verdadeiramente a Ordem dos Pregadores" (Legenda Petri Ferrandi, c. 27). Voltou em Dezembro de 1216 a fim de receber de Honório III, havia pouco eleito para a Sé de Pedro, a bula de aprovação da Ordem que tanto desejara. De ambas as vezes, sabemos com que veneração e afecto paterno os dois Pontífices o receberam.

Recordo estas duas vindas de Domingos de Gusmão à casa do Papa porque, de bom grado, me associo aos meus dois longínquos e ilustres predecessores na alegria e no afecto com que vos acolho hoje:

— a si, Padre Damian Aloysius Byrne, octogésimo terceiro sucessor de São Domingos, a quem desejo de todo o coração que possa, com a colaboração activa e generosa de todos os seus irmãos, guiar a Ordem nos caminhos do apostolado, em total fidelidade à forte e luminosa tradição dos seus antepassados, e na escuta das necessidades actuais da Igreja e do mundo;

— a si, Padre Vincent de Couesnongle, a quem exprimo a minha viva gratidão e a da Igreja pelo seu incansável trabalho durante os nove anos do seu cargo;

— e a vós, caros Padres Capitulares, que representais aqui a Ordem inteira e a quem desejo um trabalho sereno e frutuoso no momento em que, como fez São Domingos, vindes associar o Bispo de Roma às vossas reflexões sobre os caminhos da vossa Ordem.

A todos vós, desejo manifestar mais uma vez a dedicação que, por muitas razões, nutro pela vossa Ordem. Convosco — permiti que vo-lo diga — sinto-me em família. Estou certo que a Igreja e aquele que é o seu Pastor universal podem contar com a vossa colaboração, como sempre fizeram, na árdua tarefa da evangelização do mundo.

É exactamente para esta tarefa que a vossa Ordem foi fundada por São Domingos. É para isto que ela foi aprovada e enviada pela Igreja. A vossa "missão" é sempre a mesma. O meu predecessor Honório III, quando escreveu a São Domingos a 18 de Janeiro de 1221, reconhecia-a inspirada por "Aquele que permite à sua Igreja criar uma descendência sempre nova". É a missão de "se consagrar à pregação da Palavra de Deus, anunciando através do mundo inteiro o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo" (Cf. MOPH XXV, p. 144).

"De facto, a ordem dos Padres Pregadores, fundada por São Domingos, 'desde as suas origens, como é sabido, foi instituída especialmente para a pregação e para a salvação das almas'. É por isso que os nossos padres, segundo o mandato do Fundador, 'como homens desejosos de procurar a sua própria salvação e a dos outros, devem comportar-se de maneira honesta e religiosa, como homens evangélicos, segundo as pegadas do seu Salvador, falando com Deus ou de Deus, consigo mesmos ou com o próximo'" (Constitutio fundamentalis, parágr. II).

"Ora, a fim de sermos perfeitos no amor de Deus e do próximo mediante esta sequela Christi, ligados à nossa Ordem pela profissão religiosa, consagramo-nos totalmente a Deus e oferecemo-nos à Igreja de um modo novo, 'totalmente consagrados à pregação da Palavra de Deus' toda inteira" (Constitutio fundamentalis, parágr. III). Na medida em que a Ordem for fiel, tanto amanhã como ontem, a tais exigências, participará intimamente na acção da Igreja universal, e estará especialmente próxima do Bispo de Roma.

Para cumprir a sua missão, a vossa Ordem deve manter-se firme nalgumas ideias-mestras que sobressaem do texto fundamental que vos li. São princípios da fé, que a teologia desenvolveu, com os grandes Doutores, entre os quais São Tomás de Aquino brilha com fulgor particular. Estes princípios, a Igreja continua a propô-los como fundamentos da sabedoria cristã e como eixo do apostolado. A vós Padres Capitulares, compete-vos compreender-lhes o dinamismo para o traduzir em preceitos ou em orientações para a vida espiritual e o trabalho da Ordem.

2. O primeiro destes princípios é o que afirma o primado absoluto de Deus na inteligência, no coração e na vida do homem. Sabemos bem como São Domingos respondeu a esta exigência da fé na sua vida religiosa: "Ele falou só com Deus ou de Deus".

Também sabemos como, ao nível da doutrina, São Tomás de Aquino, começando, com as Sagradas Escrituras e com os Padres da Igreja, considerou este primado de Deus e como o confirmou com a força e a consistência do seu pensamento metafísico e teológico, usando a analogia do ser que permite o reconhecimento do valor da criatura, mas como dependente do amor criador de Deus.

E depois, ao nível da espiritualidade, São Tomás está inteiramente na escola do seu Pai, Domingos, quando define os religiosos como "aqueles que se colocam inteiramente ao serviço de Deus, como se oferecessem um holocausto a Deus" (Summa Theologica q. 186, art. 1 e art. 7).

Se não se aceitar esta subordinação, se se exaltar a grandeza do homem em detrimento do primado de Deus, chega-se à falência das ideologias que postulam a auto-suficiência do homem e dão origem à proliferação de erros cujo peso é suportado pelo mundo hodierno e cujo jugo cultural e psicológico ele não consegue quebrar. Os fundamentos da vida moral e social estão abalados enquanto, ao nível religioso, uma espécie de insensibilidade ou indiferença é frequentemente manifestada em relação a Deus. Podia-se mesmo falar da incapacidade de enfrentar esta "luta com Deus, a qual, como a história de Jacob nos ensina, exprime no mais alto grau a tensão do homem chamado a progredir em direcção à meta que transcende a história, onde ele deve viver, trabalhar, confrontar as dificuldades e superar os desafios do tempo que passa e da morte que chega. Podia-se falar de uma alienação do homem de si mesmo: perde a sua dignidade e capacidade de esperança, precisamente quando as ideologias lhe prometiam libertação.

Vós, Dominicanos, tendes a missão de proclamar que o nosso Deus é vivo, que ele é o Deus da vida, e que nele está a raiz da dignidade e a esperança do homem que é chamado à vida.

Fazeis isto como religiosos mediante o testemunho das vossas vidas "totalmente consagradas, como um holocausto a Deus". Fazei-lo como mestres e pregadores se a vossa teologia e a vossa, catequese, como o kerigma dos Apóstolos, provoca um choque, uma ruptura no sistema fechado onde o homem está em vias de se perder a si mesmo no limite de aniquilação. A vossa proclamação deve ser dirigida ao homem precisamente porque ele é constituído pela cultura, a vida social, a sua personalidade e a sua consciência, e deve levar-lhe a força libertadora de Deus.

Todos os outros estudos e todas as outras tarefas, nos deferentes campos das ciências humanas, económicas, na acção social,- etc., são justificados se, para vós, como religiosos chamados a dar testemunho e a anunciar o Reino de Deus, encontram a sua finalidade e a sua medida na meta apostólica mais alta — tomada na sua totalidade — da Igreja e da vossa Ordem.

A vossa Constituição dá prioridade ao ministério da palavra em todas as suas formas oral e escrita, e o elo entre o ministério da palavra e o dos Sacramentos é a sua coroação.

E desta prioridade também deriva o carácter missionário da vossa Ordem.

Neste sentido, a vossa Constituição contém fortes exortações:  "À imitação de São Domingos, que foi cheio de solicitude pela salvação de todas as criaturas e de todos os povos, oxalá os irmãos saibam que são enviados a todas as nações, crentes e não crentes, e de modo especial aos pobres..., a fim de evangelizar e implantar a Igreja entre os povos não crentes, e a fim de instruir e fortalecer a fé do povo cristão" (L. I, c. IV, art. 1, n. 98).

A Igreja hoje não pode deixar de confirmar estas vossas leis, abençoar tais projectos, e encorajar o vosso compromisso missionário, pois ela bem sabe que, em toda a parte, em todos os lugares, como em cada coração humano, há necessidade de Deus!

3. A esta nostalgia Deus respondeu na história. Pela fé tomamos conhecimento da obra da salvação, a qual tem o seu centro, o seu eixo, a sua plenitude em Jesus Cristo. E nós jamais deixamos de anunciar, que somos salvos por Cristo, correspondendo ao solene pronunciamento de Pedro e dos outros apóstolos: "Debaixo do céu não foi dado a nós homens outro nome pelo qual possamos salvar-nos" (Act. 4, 12).

Foi exactamente isto que São Domingos realizou, seguindo as pegadas dos apóstolos. Como dizia Santa Catarina de Sena, o Irmão Domingos recebeu a "Missão da Palavra" (Diálogo, 158). Ele correspondeu a esta missão, com um apaixonado amor pelo Crucificado. A famosa obra de Frei Angélico representa isto de maneira grandiosa: mostra o santo colocando as suas mãos sobre a cruz envolvendo a imagem de Cristo com olhar contemplativo de forma que o sangue do Redentor como que desliza sobre ele. Na sua pregação, baseada no Evangelho, São Domingos renovava sempre o anúncio de Jesus Cristo.

Hoje penso nos inumeráveis irmãos, conhecidos e desconhecidos, que, presentemente, como nos 760 anos passados, se dedicam laboriosamente à exegese, à patrística, à teologia ou como professores e anunciadores da Palavra, como editores e especialistas em comunicação, como promotores do santo rosário e como missionários, na pastoral ou em missão especial da Santa Sé. Todos eles têm somente esta intenção: com todas as forças e de todo o coração empenhar-se como humildes servidores na redenção do mundo de hoje.

O sucessor de Pedro expressa à Ordem de São Domingos com alegria a gratidão da Igreja por tudo que ela realizou até agora. Além disso, anima-os hoje — uma vez que celebram o seu Capítulo Geral exactamente no meio do Ano Santo de 1983 —, a abrirem, na linha dos seus antepassados, novas possibilidades de acção para o estudo, bem como para a pregação a respeito de Cristo, o crucificado (cf. 1 Cor. 1, 23; 2, 2).

O que o Concílio Vaticano II ensinou sobre estudos eclesiásticos bem como as orientações e directrizes do meu predecessor Paulo VI sobre a evangelização na Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi e as minhas próprias orientações na Encíclica Redemptor Hominis e na Exortação Apostólica Catechesi Tradendae, formam uma segura regra de acção, da qual peço cordialmente que a vossa Ordem, se aproprie, a fim de que sejam colaboradores de primeira categoria no magistério eclesiástico, aptos a desvendar aos olhos do mundo as riquezas de Cristo, que por nós morreu e ressuscitou.

4. Chegámos ao terceiro princípio que justifica a existência de uma Ordem religiosa e que orienta a sua acção: a relação vital com a Igreja. Como indicam o Código de Direito Canónico e as vossas Constituições (P. I, c. I, n. 21), há uma exigência de catolicidade, de unidade, e apostolicidade se se quer se Igreja e trabalhar a um nível universal; e há-de tornar-se cada vez mais real e visível a quarta nota da Igreja, a santidade. O vínculo com o Papa e a melhor garantia deste carácter eclesial; legitima a acção de uma Ordem espalhada por todo o mundo, garante a sua liberdade, deixando sempre salva a conformidade com as normas que regulam a actividade dos religiosos dentro das Igrejas locais.

Estou pois certo de que na vossa Ordem não faltará nunca a tradicional e plena obediência ao Sucessor de Pedro, com sincero respeito ao seu Magistério e com essa total fidelidade à Santa Sé, que foi sempre nota característica da vossa Família Religiosa.

Desejo à vossa Ordem — cujo lema é a Verdade — que forme muitos filhos dispostos a servir a Igreja, a trabalhar na verdade e na obediência, recordando este lindo texto das vossas Constituições:  "Desde o momento em que por obediência nos unimos a Cristo e à Igreja, todo o esforço e toda a mortificação que fazemos para o pôr era prática é como um prolongamento da oblação de Cristo e adquire um valor de sacrifício, tanto para nós pessoalmente como para a Igreja: na consumação deste sacrifício realiza-se toda a obra da criação" (L. I, art. II, n. 11).

A relação vital entre a Ordem e a Igreja tem outra dimensão essencialmente teológica, que brota da sua finalidade e da sua natureza, reconhecidas pela Sé Apostólica.

Como se lê na vossa Constituição fundamental, vós sois na Igreja uma "Ordem clerical", que tem uma "função sacerdotal e profética" (V e VI).

A vossa história é prova de que entre vocação sacerdotal e vocação profética não há oposição, mas que ambas se encontram para dar à Ordem a sua identidade e a sua integridade como quis São Domingos. A também verdade que, devido às diferentes condições culturais e religiosas dos povos e talvez, mais ainda às atitudes e carismas pessoais, uma ou outra dessas funções assume particular relevo. Em todo o caso, da vossa história das vossas regras e da vossa doutrina deduz-se que no ensino, na pregação e no exercício do ministério pastoral, o carisma profético dentro da vossa Ordem recebeu a marca particular da teologia, entendida no sentido pleno de São Tomás como uma sabedoria que leva a fundamentar o pensamento e a acção sobre a contemplação; esta estimula a acção, inspira-a e regula-a (cf. Summa Theologica I, q. I, à. 6; II, q. 45, a. 3).

O próprio São Tomás, seguindo São Domingos, foi não só o mestre, mas também o exemplo desta vida de sabedoria, para a qual pôde olhar sempre a Ordem como para um espelho da sua própria "função profética", que consiste em anunciar em toda a parte o Evangelho de Jesus Cristo com a palavra e o exemplo, segundo o texto da vossa Constituição fundamental.

No dia de hoje, quero dizer-vos, a vós Padres Capitulares e a todos os vossos Irmãos em religião: sede fiéis a esta missão de teologia e de sabedoria da vossa Ordem, quaisquer que sejam as formas — eruditas ou populares, académicas ou pastorais, científicas ou catequéticas — sob as quais possais ser chamados a exercê-la. E evidentemente que há-de manter um posto de eleição, na primeira linha do vosso trabalho científico e apostólico, o aprofundamento da obra teológica e filosófica de Santo Tomás de Aquino. Impõe-se, para vós mais do que para outros, a necessidade de cultivar a familiaridade com o pensamento e com os escritos do inigualado Mestre, renovar e enriquecei a sua doutrina.

A vossa função teológica assegura à Ordem uma relação vital com a Comunidade eclesial, onde a variedade e a riqueza dos carismas estão ordenados para a unidade pelo Espírito, em vista da edificação do Corpo de Cristo.

5. Por fim, caríssimos Padres Capitulares, desejo recordar-vos, sempre nos vestígios das vossas Constituições, que o segredo de um profícuo desempenho da vossa missão na Igreja e no mundo, o segredo do vosso mesmo aumento numérico e qualitativo depois da crise que também a vossa Ordem teve que enfrentar nos anos passados, consiste na fidelidade à "vida apostólica no seu significado integral, em que a pregação e o ensino devem jorrar da abundância da contemplação" (Const. Fund., 4).

É o quarto fundamento — mas quanto à importância é o principal — sobre o qual podeis construir um presente e um futuro da Ordem, dignos do seu passado. Ele explicita-se em coisas que bem conheceis, a que bastará apenas acenar para as confiar à vossa reflexão e, se for necessário, às resoluções do vosso Capítulo: o espírito de oração, a vida interior, o zelo, a exactidão e a fidelidade na celebração da Liturgia e, em geral, a regular observância da vida comum, a prática e o espírito dos votos, a penitência. O Papa Honório III resumia tudo isto, quando na carta a São Domingos e aos seus primeiros companheiros dizia que para a reforma do mundo moderno e a pregação da fé, Deus lhes tinha "inspirado na alma o amoroso desejo de abraçar a pobreza e de pôr em prática a vida regular..." (Carta de 18 de Janeiro de 1221, em MOPH XXV, p. 144; cf. Const. Fund., 1).

Esta inspiração divina indicava o caminho que deve manter-se vosso também hoje. Não foi modificado nos pontos essenciais e não deve ser comprometido pelas adaptações e pelas inovações de carácter estrutural e funcional que, lealmente e em harmonia com as directrizes da Igreja, vós considerastes e considerais dever introduzir na organização da Ordem. Muitas experiências e tentativas são possíveis, mas desde que não se abandone o justo "caminho". Pode também acontecer que, em base a um balanço realista daquilo que se experimentou, pareça ao Capítulo que sobre alguns pontos se impõe uma reflexão.

Em particular, deixai que vos recomende para prestardes renovada atenção às qualidades da vida conventual: o silêncio, do qual se dizia tradicionalmente entre vós que é o "pai dos Pregadores", o hábito "como distintivo da vossa consagração" (L. I, c. I, art. V, n. 51), o justo lugar da clausura, estabelecida pelas vossas Constituições "para que... os frades possam atender melhor à contemplação e ao estudo, para que aumente a intimidade da família e se possa explicar a índole da nossa vida religiosa e a fidelidade a ela..." (ibid., n. 41). Tornados fortes pela vida comunitária, os frades poderão cumprir as suas tarefas nos caminhos do mundo, sem esconderem a sua identidade, dando testemunho dos valores da vida religiosa livremente escolhida pelo Reino de Deus.

6. Quantas outras coisas quereria dizer-vos com o coração aberto e como expressão do meu afecto e do meu apreço pela vossa Ordem, caríssimos Padres Capitulares! Sejam-vos as minhas palavras de encorajamento a caminhar sobre as pegadas dos vossos irmãos de hábito que, com a própria vida, assinalaram a história da Ordem e, pode dizer-se, da Igreja mesma.

Dado que devo concluir, fá-lo-ei repetindo convosco alguns períodos daquela "Oração ao bem-aventurado Domingos", que foi escrita pelo seu sucessor, Mestre Jordão, e que deve ser-vos muito familiar. Repito-a aqui como se nos encontrássemos diante do Túmulo do vosso Fundador, que eu também pude diversas vezes venerar em São Domingos de Bolonha.

"Tu, uma vez iniciado o caminho da perfeição, tudo deixaste para seguir nu o Cristo nu, preferindo acumular tesouros no céu. Mas, com mais força ainda renunciaste a ti mesmo e, trazendo virilmente a tua cruz, esforçaste-te por seguir as pegadas da nossa única verdadeira guia: o Redentor.

"Tu, inflamado pelo zelo de Deus e de ardor sobrenatural, pela superabundância da tua caridade, num impulso imenso de generosidade entregaste-te totalmente pela pobreza perpétua, pela vida apostólica e a pregação evangélica. E para esta grande obra, não sem uma inspiração do alto, instituíste a Ordem dos Frades Pregadores (...).

"Tu, que procuraste com tanto zelo a salvação do género humano, vem em auxílio do clero, do povo cristão...

"Sê para nós verdadeiramente um 'dominicanus', isto é, um solícito guarda do rebanho do Senhor..." (cf. ed. Scheben, ASOP XVIII, 1929, pp. 564-568);

Caros Frades Pregadores, à intercessão do vosso Santo Padroeiro confio todos vós e toda a vossa Ordem, como também a Família Dominicana inteira, incluindo, além dos Frades, as Monjas claustrais, as Religiosas de vida activa, os Institutos seculares associados à Ordem e os numerosos leigos e sacerdotes pertencentes às Fraternidades. E de todo o coração vos concedo a minha Bênção, propiciadora da assistência divina para os trabalhos do Capítulo, e de graças cada vez mais abundantes para a vida da Ordem, a vós e a mim tão querida.

 



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