DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II
AO NOVO EMBAIXADOR DO GABÃO
JUNTO DA SANTA SÉ POR OCASIÃO
DA APRESENTAÇÃO
DAS CARTAS CREDENCIAIS
Quinta-feira, 10 de Outubro de 2002
Senhor Embaixador!
1. É com prazer que dou as boas-vindas a Vossa Excelência na ocasião da apresentação das Cartas que o acreditam como Embaixador extraordinário e plenipotenciário da República do Gabão junto da Santa Sé.
Agradeço-lhe, Excelência, as palavras cordiais que acaba de me dirigir assim como as gentis saudações que me transmitiu da parte de Sua Excelência o Senhor El Hadj Omar Bongo, Presidente da República do Gabão. Ficar-lhe-ia grato se se dignar transmitir-lhe a certeza dos meus votos de bem-estar e de prosperidade que formulo, em troca, para a sua pessoa e para todo o povo do Gabão, pedindo ao Altíssimo que conceda a todos viver em paz e no entendimento cordial.
2. Vossa Excelência acaba de me comunicar a vontade dos Responsáveis do seu País de prosseguir os seus esforços com vista a promover estruturas políticas, económicas e sociais que hão-de permitir a edificação de uma sociedade cada vez mais fraterna e pacífica. Alegro-me com as disposições do seu Governo, para se pôr cada vez mais ao serviço de todos os habitantes do País, e com o seu desejo de participar activamente na concórdia entre as diferentes nações que compõem a África. Visto que o Continente continua a sofrer duramente diversos conflitos que o martirizam, lanço um novo e insistente apelo para que todos os africanos se mobilizem para trabalharem juntos, como irmãos, a fim de fazerem das suas terras lugares habitáveis, onde cada qual possa beneficiar da riqueza nacional. É importante que todos os responsáveis pelo destino das nações africanas se dediquem a criar as condições para um desenvolvimento integral e solidário, que esteja activamente ao serviço da causa da paz. Nesta perspectiva, é direito de toda a comunidade nacional poder participar na vida cívica, para que seja consolidado o estado de direito e as instituições democráticas, que devem favorecer a solicitude pelo serviço e pela gestão honesta do bem comum, promover o respeito das pessoas e das comunidades étnicas, assim como a defesa dos mais pobres e da família. Tudo isto contribui em grande medida para a estabilidade política de um país e de um continente.
Numerosos países africanos continuam a sofrer de maneira endémica situações de pobreza que desfiguram as pessoas e as tornam incapazes de enfrentar as suas necessidades e as de quantos estão sob a sua responsabilidade, hipotecando a longo prazo o futuro das comunidades nacionais.
Por conseguinte, convido as Autoridades legítimas dos países a prosseguir a luta contra todas as formas de pobreza, que arruínam a esperança dos indivíduos e dos povos, alimentando também a violência e os extremismos de todas as espécies. Neste espírito, faço ardentes votos por um novo impulso na cooperação internacional, que deve ser considerado em termos de cultura e de solidariedade, a fim de lutar contra os efeitos negativos relacionados com a mundialização. "Como fermento de paz, esta cooperação não pode limitar-se à ajuda e à assistência [...]. Ao contrário, ela deve manifestar-se num empenho concreto e tangível de solidariedade, que tenha em vista fazer com que os pobres sejam os agentes do seu desenvolvimento e que permita ao maior número possível de pessoas exercer, nas circunstâncias económicas e políticas concretas nas quais vivem, a criatividade própria da pessoa humana, da qual depende também a riqueza das nações" (Discurso à Organização das Nações Unidas por ocasião do Cinquentenário da sua fundação, 5 de Outubro de 1995, n. 13). Para promover cada vez mais esta ética da solidariedade e da promoção humana, faço ardentes votos para que a Comunidade internacional prossiga os seus esforços para apoiar, sobretudo no que se refere à dívida dos Países da África, iniciativas locais que envolvam a população, acompanhando a realização de projectos, graças à presença de pessoas qualificadas, que se empenhem na formação dos protagonistas e que poderão verificar que os objectivos sejam realmente alcançados.
3. Durante os últimos anos, o diálogo entre a Santa Sé e o Estado do Gabão foi intensificado. Alegro-me profundamente por isto, observando que a cooperação já deu frutos, sobretudo com a assinatura e com a ratificação do "Acordo entre a Santa Sé e a República do Gabão acerca dos princípios e determinadas disposições jurídicas relativas às suas relações e à sua colaboração", acordo que tem por finalidade dar um quadro jurídico à Igreja e às suas actividades no seu País.
Congratulo-me pelos esforços empreendidos, que permitem à comunidade eclesial ser cada vez mais parte activa na vida de todo o povo gabonês; ela deseja participar plenamente na edificação de uma nação próspera e fraterna, fundada nos valores humanos e espirituais, no respeito do que lhe é específico e de acordo com as próprias perspectivas.
Desejo de igual modo realçar a importância do Acordo assinado recentemente entre a Santa Sé e o Gabão sobre o estatuto do Ensino católico. Ao propor às novas gerações uma educação integral, a Igreja deseja dar de modo específico um contributo eficaz para a formação humana, espiritual, moral e cívica dos jovens, dos quais dependerá no futuro a orientação e as decisões acerca da Nação, favorecendo desta forma o progresso total dos indivíduos e o desenvolvimento harmonioso da sociedade, e abrindo o coração dos jovens aos seus irmãos e irmãs que os rodeiam.
5. Permita-me, Senhor Embaixador, dirigir por seu intermédio as minhas cordiais saudações aos Bispos, aos sacerdotes, aos religiosos e religiosas, e a toda a comunidade católica do Gabão.
Convido-os, em nome da esperança que receberam de Cristo, a tornarem-se artífices de paz sempre mais empenhados na vida da cidade e a trabalhar, num espírito de diálogo e fraternidade, para edificar uma sociedade cada vez mais fraterna. Oxalá eles se recordem de que devem dar um testemunho dos valores humanos e evangélicos, que sirvam de exemplo para todos na vida pessoal e social! Desta forma, glorificarão Cristo Salvador do homem.
5. No final do nosso encontro, no momento em que Vossa Excelência inicia a sua missão, apresento-lhe os meus melhores votos para a nobre tarefa que o aguarda. Garanto-lhe que encontrará sempre um acolhimento atento e uma compreensão cordial junto dos meus colaboradores.
Invoco de todo o coração sobre Vossa Excelência, sobre os seus colaboradores, a sua família, e sobre o povo gabonês e os seus Dirigentes, a abundância das Bênçãos divinas.
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