PAPA PAULO VI
ANGELUS
Domingo, 1 de Fevereiro de 1970
A observância do celibato requer um carisma especial
Entre as grandes causas que necessitam da ajuda de Deus, há uma que, nestes dias, grande pressão tem exercido sobre Nós e de que muito se fala: a do sagrado celibato eclesiástico.
O celibato é uma lei capital da Igreja latina. Não é possível abandoná-la ou pô-la em discussão. Seria retroceder. Seria faltar a uma fidelidade de amor e de sacrifício, que a Igreja latina, depois de uma longa experiência, com imensa coragem e com serenidade evangélica, se impôs a si mesma, prosseguindo no seu esforço secular de severa selecção e de perene renovação do seu ministério sacerdotal, do qual depende a vitalidade de todo o Povo de Deus.
Trata-se, efectivamente, de uma norma muito elevada e muito exigente. A sua observância requer não só um propósito irrevogável, mas também um carisma especial, isto é, uma graça superior e interior. É este facto que torna a lei em questão inteiramente concorde com a vocação ao seguimento de Cristo e com a resposta de adesão total do discípulo, que deixa todas as coisas para seguir unicamente o Mestre e para se dedicar, de modo exclusivo, sem dividir o próprio coração, ao serviço dos irmãos e da comunidade cristã.
São estas realidades que fazem do celibato eclesiástico um testemunho supremo do reino de Deus, um sinal singular e eloquente dos valores da fé, da esperança e do amor, uma condição incomparável de pleno serviço pastoral e uma contínua ascética de perfeição cristã. Sim, é algo de difícil. Mas é precisamente este carácter que o torna atraente para as almas ardorosas dos jovens. O celibato é, hoje mais do que nunca, um meio adequado às necessidades do nosso tempo. Mais ainda: pode tornar-se fácil; é algo de alegre, de belo, de católico. Devemos conservá-lo e defendê-lo.
Peçamos, pois, ao Senhor a graça de fazer com que o celibato seja hoje mais compreendido por todos, os que foram e os que não foram chamados a este estado de vida: eclesiásticos, religiosos e leigos, e que por eles seja estimado e venerado. Que a Santíssima Virgem revele aos que são chamados ao ministério sacerdotal a dignidade, a possibilidade e a necessidade do celibato.
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